Definitivamente estamos vivendo uma fase de transição do nosso planeta. Somos invadidos pela percepção de que nossa espécie poderá ser varrida do planeta de uma hora para outra. E buscamos quase obsessivamente o restabelecimento do equilíbrio da Terra.
Por que ainda esperamos as grandes corporações tomarem atitudes significativas para a redução dos danos ao planeta? Nessa lógica, inventaram até um termo – o ecologicamente correto -, que começou a ser muito vendido pelas grandes corporações.
Estamos já há alguns meses vivendo quase diariamente oscilações da temperatura. Ondas de calor que ultrapassam as médias históricas; temporais catastróficos que abalam nossas engenharias urbanas (como ruas, praças, avenidas e estradas); casas sendo alagadas ou destruídas... Mas mesmo assim ainda estamos engatinhando no processo de transformação de nossos hábitos cotidianos.
Será que estamos esperando que a salvação venha, por exemplo, de uma potência mundial, como nos filmes inspirados no tema? Pelo que vimos no encontro de Copenhague sobre o clima, isso pode estar longe de acontecer.
Tais transformações podem ser percebidas de diversos olhares, como, por exemplo, o mítico, o profético e o científico. De todas essas formas, tal evento nos afeta incansavelmente a todo instante. Vale, então, repensar nossa humilde forma de ser humano!
O que nos espera? O que devemos esperar? Quais dessas perguntas cabem melhor nesse momento tão decisivo? Ou será melhor parar de perder tempo com elocubrações que não levam a nada e agir, de forma rápida e consciente, levando em conta que, já há algum tempo, vivemos um afastamento de tudo que é natural e que circunda o planeta?
Em nosso conceito civilizatório, deixamos de lado espaços significativos no que se refere aos elementos da natureza como um todo. Historicamente, poderíamos culpar a revolução industrial como um momento marcante nos danos que a espécie humana vem causando à natureza. Porém, antropologicamente, vemos que sempre houve tribos arcaicas que se preocupavam simplesmente com a proliferação da espécie, degradando os recursos naturais que lhe cercavam, não tendo, assim, hábitos de conservação do meio ambiente.
Se, de fato, nosso planeta for como um organismo pertencente a todos que o envolvem - assemelhando-se, assim, a um corpo -, nossa espécie pode ser considerada como uma doença grave, que afeta de forma drástica todo o sistema. E os habitantes que vivem nele estão envolvidos.
Se usarmos a lógica que o planeta está dentro de nós, estamos sendo destruídos pelo mesmo mecanismo. Basta ver as epidemias que surgem e ressurgem, numa cadeia infinita de relações em que hoje não compete mais encontrar um culpado. Devemos, isso sim, repensar a maneira de existir.
Atualmente, nas grandes metrópoles a população que mora sozinha cresce significativamente. A maioria dos jovens casais não sonha mais em ter filhos. Não se pensa muito no futuro das próximas gerações. O que prevalece é o interesse individual de ter, por exemplo, uma carreira de sucesso. E, quando se pensa na natureza, é muitas vezes apenas com interesses comerciais, principalmente agora que a moda dita esse tom.
texto publicado 24/mar/2010 com o título: A insustentabilidade do ser humano
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