quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A insustentabilidade do ser

Definitivamente estamos vivendo uma fase de transição do nosso planeta. Somos invadidos pela percepção de que nossa espécie poderá ser varrida do planeta de uma hora para outra. E buscamos quase obsessivamente o restabelecimento do equilíbrio da Terra.
Por que ainda esperamos as grandes corporações tomarem atitudes significativas para a redução dos danos ao planeta? Nessa lógica, inventaram até um termo – o ecologicamente correto -, que começou a ser muito vendido pelas grandes corporações.
Estamos já há alguns meses vivendo quase diariamente oscilações da temperatura. Ondas de calor que ultrapassam as médias históricas; temporais catastróficos que abalam nossas engenharias urbanas (como ruas, praças, avenidas e estradas); casas sendo alagadas ou destruídas... Mas mesmo assim ainda estamos engatinhando no processo de transformação de nossos hábitos cotidianos.
Será que estamos esperando que a salvação venha, por exemplo, de uma potência mundial, como nos filmes inspirados no tema? Pelo que vimos no encontro de Copenhague sobre o clima, isso pode estar longe de acontecer.
Tais transformações podem ser percebidas de diversos olhares, como, por exemplo, o mítico, o profético e o científico. De todas essas formas, tal evento nos afeta incansavelmente a todo instante. Vale, então, repensar nossa humilde forma de ser humano!
O que nos espera? O que devemos esperar? Quais dessas perguntas cabem melhor nesse momento tão decisivo? Ou será melhor parar de perder tempo com elocubrações que não levam a nada e agir, de forma rápida e consciente, levando em conta que, já há algum tempo, vivemos um afastamento de tudo que é natural e que circunda o planeta?
Em nosso conceito civilizatório, deixamos de lado espaços significativos no que se refere aos elementos da natureza como um todo. Historicamente, poderíamos culpar a revolução industrial como um momento marcante nos danos que a espécie humana vem causando à natureza. Porém, antropologicamente, vemos que sempre houve tribos arcaicas que se preocupavam simplesmente com a proliferação da espécie, degradando os recursos naturais que lhe cercavam, não tendo, assim, hábitos de conservação do meio ambiente.
Se, de fato, nosso planeta for como um organismo pertencente a todos que o envolvem - assemelhando-se, assim, a um corpo -, nossa espécie pode ser considerada como uma doença grave, que afeta de forma drástica todo o sistema. E os habitantes que vivem nele estão envolvidos.
Se usarmos a lógica que o planeta está dentro de nós, estamos sendo destruídos pelo mesmo mecanismo. Basta ver as epidemias que surgem e ressurgem, numa cadeia infinita de relações em que hoje não compete mais encontrar um culpado. Devemos, isso sim, repensar a maneira de existir.
Atualmente, nas grandes metrópoles a população que mora sozinha cresce significativamente. A maioria dos jovens casais não sonha mais em ter filhos. Não se pensa muito no futuro das próximas gerações. O que prevalece é o interesse individual de ter, por exemplo, uma carreira de sucesso. E, quando se pensa na natureza, é muitas vezes apenas com interesses comerciais, principalmente agora que a moda dita esse tom.


texto publicado 24/mar/2010 com o título: A insustentabilidade do ser humano

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