quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Psicologia do esporte

Considerado um dos principais fenômenos do século XX, o esporte possibilita espaços de alta visibilidade, não somente para que o pratica literalmente, mas também para quem investe, assiste e comenta, tornando-se a cada dia, um forte ícone de movimentação monetária ao redor do mundo. Vemos que a prática esportiva, também, traz benefícios psicológicos e sociais como, por exemplo, coesão grupal, fortalecimento da personalidade e identidade, autoconfiança, motivação entre outras. No entanto, gostaria de destacar algo que passa quase despercebido nas equipes esportivas; a chamada psicologia do esporte.
O que acontece com um time líder do campeonato, a poucas rodadas do final, deixar escapar um título? Bem, certamente, umas série de fatores podem estar envolvidos, porém, em nosso país raramente pensamos que uma das causas mais importantes pode ser o fator emocional. Exemplos não nos faltam, pois já presenciamos muitas ocasiões onde os atletas em suas melhores formas físicas e técnicas, acabaram por não conseguir executar com excelência sua função, ou na pior das hipóteses, perdem a cabeça e se descontrolam, agredindo verbal ou fisicamente o oponente, o companheiro, o árbitro, etc.
No Brasil, a psicologia do esporte começa a ter destaque na década de 90, onde alguns psicólogos foram chamados para trabalhar junto a equipes de nível nacional, principalmente o futebol. Acontece que infelizmente, percebemos certa diminuição dessa atividade nos grandes times, onde parece ser mais importante o treinamento técnico e físico, deixando de lado as questões emocionais, entendendo o homem semelhante ao século XVII, onde o pensamento cartesiano dividia-o em corpo e mente.
Um país, prestes a sediar a maior competição esportiva do mundo, se encontra "engatinhando" quando pensamos em preparação integral de atletas, mesmo assim muitos atletas-fenômenos surgem, e tornam-se heróis da pátria, mas podemos contar nos dedos quantas equipes recebem e se mostram preparadas para lidar com situações adversas, tanto individualmente quanto em grupo.
Quem for investir em esporte do futuro, não poderá deixar de lado tais questões tão importantes.
Atualmente em nossa prata da casa, o futebol, raramente são vistos psicólogos atuando em grandes equipes, e quando o fazem, diversas vezes se preocupam em focar o tal "pensamento positivo", hipnose, e demasiadas aplicações de testes, que tendem a visualizar apenas o rendimento e resultado do atletas, deixando a psicologia do esporte cada vez mais ultrapassadas perto do padrão europeu e cubano, onde o atleta é visto como participante de um todo bio-psico-social, que pensa, sofre, têm dúvidas e certezas, paixões, manias, etc., que não conseguem ser mensuradas em gráficos, tão pouco em uma visão objetiva.
Não é raro encontrarmos processos de contusão sofridos por atletas, que, do ponto de vista médico não possuem diagnóstico clínico real, demonstrando claramente alguma somatização psíquica. Ou atletas que enfrentam queda do desempenho, e esta é ligada estritamente com a questão de treinabilidade física.
Por algum motivo, deixamos de dar importância ao fator mental, e assim continuamos arrumando desculpas para tentar explicar os motivos de, por exemplo, certo atleta não ter um desenvolvimento satisfatório em um jogo decisivo, ou de lesões acontecidas às vésperas de uma final.


texto publicado em 22/dez/2009
http://www.diariodeguarulhos.com.br/jornal/dgnews/jornal/materia.jsp?id=10431&ca=50

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