quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A verdade sobre o tempo

Segundo estatísticas do IBGE, atualmente em nosso país a população de idoso está em torno de 14,5 milhões sendo 8,6% da população. Vemos também que a Organização Mundial de saúde (OMS) estima que até o ano de 2025, a população idosa crescerá 16 vezes, contra cinco da população total. No entanto, em que situação se encontra a maioria dessas pessoas? Será que conseguimos observar o que a velhice tem a nos dizer?
O processo de envelhecimento é subjetivo, onde o individuo tem a capacidade da evolução de um estado infantil, conseguindo se identificar cada vez menos com os valores do meio, e ASSIM pode passar a considerar as orientações emanadas do si-mesmo com maior veracidade e confiança. Todavia vemos que talvez não estejamos preparados para conviver tranquilamente com essas questões. Possivelmente nossas dificuldades de entender os idosos, emergem de uma incompreensão do que é a velhice para cada um, pois o envelhecimento traz consigo dificuldades para realizarmos tarefas cotidianas, certo declínio cognitivo, dependência, e alguns problemas de saúde. Certamente quanto mais se vive mais se vê a morte dos próximos, tendo assim a saudade como uma eterna companheira.
No mundo onde a estética, a velocidade, a juventude, e o novo têm um lugar privilegiado, os idosos parecem não ter espaço. Em nossa sociedade vemos aumentar a cada dia a violência contra idosos. Pesquisas nos mostram que metade dos casos de violência relaciona-se a abuso psicológico, incluindo abandono e negligência. As vítimas desses abusos sofrem constantemente uma diminuição da plasticidade comportamental, acarretando na diminuição das reações e recuperações de eventos estressantes, podendo assim se agravar conforme as recorrências dessas situações.
Não encarar o idoso e suas necessidades, é de certa forma não olhar para o próprio processo de maturação. Em geral muitas pessoas sentem medo de envelhecer, pois vêem esse processo como uma limitação da vida, e preferem ignorar os idosos, pois estes podem mostrar que um dia poderá se tornar idoso também, colocando assim o idoso em uma posição de “invalidez” na tentativa de deixar a velhice menos ameaçadora.
O avanço tecnológico e da medicina, vem nos proporcionando um aumento significativo em nosso tempo de vida, no entanto mesmo com alguns espaços destinados aos idosos como, por exemplo, grupos de terceira idade parecem não ser suficiente para uma saudável condição psíquica, pois são na maioria das vezes excluídos socialmente, além de não receberem atenção necessária, o idoso de hoje é comparado muitas vezes á uma criança por sua dependência para realizar uma infinidade de tarefas, não tendo voz e perdendo sua autonomia.
Como fica o sujeito que trabalhou grande parte de sua vida em uma instituição, criando sonhos, laços afetivos, relações sócias, quando chega a hora da tão esperada aposentadoria? Acostumado com sua antiga rotina, o aposentado se vê bruscamente lançado em um novo mundo, onde terá que construir novos objetivos, sonhos e uma nova identidade, diferente daquela a qual se habitou a apresentar.
Em nosso dia a dia, ignoramos o fato irreversível que a vida é sempre movimento, sendo assim não poderemos jamais vencer o tempo. Ou seja, se nossa vida não for interrompida, chegaremos à velhice inevitavelmente, e agindo desse nosso modo ocidental, talvez devêssemos repensar quais exemplos estamos mostrando aos jovens de amanha

texto publicado em 23/out/2009 com o título: O tempo começa a chegar para os idosos
http://www.diariodeguarulhos.com.br/jornal/dgnews/jornal/materia.jsp?id=8684&ca=50

Nenhum comentário:

Postar um comentário